Nossas trajetórias na vida transformam-se constantemente, sendo essa a única constância. Ora estamos bem, ora nem tanto. Nosso gostos, predileções e valores também alteram-se. Atribuímos importância a algo ou a alguém que, por circunstâncias que nos fogem à vontade, perdem-na. Mudamos de casa, de amizades, de amores...uns até permanecem por toda a vida, mas são poucos.

Nossas vontades, desejos e ambições também mudam. Quando os alcançamos, podemos relaxar e usufruir da vitória ou eleger novas vontades, novos desejos e novas ambições. E daí, é preciso despreender-se, desapegar do que já foi importante, do que já foi conquistado. Não é tarefa fácil, pois objetos, que significam momentos de conquista, guardam nossa história. Mas nossa história repousa na nossa memória e essa não há quem nos retire. 
Portanto, para haver novas conquistas, é preciso desapegar-se de seus símbolos materiais, daquilo que já representou para nós algo a conquistar.
A maioria de nós descende de migrantes, espontâneos ou forçados por circunstâncias adversas. Tiveram que abandonar suas terras de origem, seus campos, seus pertences, trazendo apenas na bagagem principal suas memórias.
Os objetos abandonados pelo caminho tiveram, para nossos antepassados, um significado. Crescemos entre eles os quais, para nós, ganharam outro significados. A ser abandonados pelo caminho, em busca de novas oportunidades e conquistas, ganharão novo significado, ou serão ressignificados, em mãos de seus novos possuidores.
É preciso ter coragem para sabermos a hora de partir, de abrir mão em prol de uma nova aventura, uma nova conquista, um novo significado na vida, representados por outros objetos.

Assim, é hora de partir, como meus avós o fizeram - nem que seja para fazer o caminho de volta e reencontrar a semente - largando para outrem o que não tem mais significado para mim. 
Para vivermos plenamente, nosso maior significado é ter coragem. Esse é o meu momento, são minha vontade, meu alvo de conquista e minha ambição.
 

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